sábado, 25 de julho de 2009

MEU MEMORIAL

De família simples e bem humilde, sempre fui muito introspectiva e envergonhada. Pouco social, com ar triste e sem amigas ou irmãs para brincar, conversar ou fazer qualquer tipo de travessuras próprias da infância. Talvez por isso que bem cedo me dediquei e me identifiquei com as palavras escritas, mais precisamente com diários. E assim, passei a ser das Letras desde os meus primeiros traços de personalidade.

Quando criança, na escola, não tinha muito contato com livros, senão o didático, porém sempre me encantei com as palavras e devorava os textos dos meus livros antes que as professoras cobrassem. Meus pais não podiam me dar livros de historinhas como assim os chamava, mas isso não me desanimava e nem me revoltava quando via algumas coleguinhas e suas coleções. Na infância, ainda, ganhei de uma tia uma revistinha da Magali o que me deixou muito feliz. Então passei a lê-la sempre que sentia necessidade de uma leitura que não fosse a dos textos do livro didático.

O primeiro livro que li foi “O Pequeno Príncipe” quando ganhei um já bem velhinho de uma prima, na adolescência. Experiência inexplicável, porque nunca tinha viajado pelo universo mágico da Literatura por tanto tempo, e, talvez por ter adorado a obra, me senti incentivada a continuar essa viagem em outros livros. Passei a consultá-los na pequena biblioteca da escola sempre que tinha disponibilidade.

Mais tarde, ingressei na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN, e hoje, tenho consciência de que toda mudança acontecida comigo é fruto do leque de possibilidades e crescimento interior que a experiência universitária me proporcionou. Além disso, o curso de Letras, ao qual me dediquei, trouxe-me enriquecimento teórico, humano e, acima de tudo, mostrou-me o meu valor e capacidade de transmissão e reflexão sobre o meu papel social.

Foi assim que me fiz professora. Profissão que me orgulho de ter e que me ensina, me humaniza, me modifica, me renova, me engrandece... Torna-me melhor e feliz com cada gesto de carinho, com cada olhar de agradecimento, com cada brilho refletido por um momento, (pequeno que seja), de aprendizagem. Mas que também me preocupa pelos rumos tortuosos que segue ultimamente, pela falta de interesse, pelas oportunidades jogadas fora, pelo descaso de muitos que ainda não compreenderam que é através da educação e com a educação que conseguiremos reverter qualquer quadro de intolerância, miséria e abandono, em qualquer âmbito que se encontre.

Sei que não tenho tanta experiência, porém não me renego à aprendizagem e não me diminuo com os problemas e dificuldades que encontro. Tenho necessidade de interação porque sei que é através das experiências que nos tornamos melhores e tenho plena convicção de que muito posso ajudar a melhorar e a reverter à realidade da nossa educação.

Juciléa Campos Alves

Um comentário:

  1. Que linda história e que experiências maravilhosas, Juciléa!!!

    São muitos os sonhos, os desafios, os aprendizados e são várias também as experiências que formam a pessoa e a profissional que você é e se faz...

    Um abraço.

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